segunda-feira, 28 de julho de 2008

Numismática

Numismática (do grego clássico νόμισμα - nomisma, através do latim numisma, moeda) é a ciência auxiliar da história que tem por objetivo o estudo das moedas e das medalhas.

Por numismática entende-se o estudo essencialmente científico das moedas e medalhas, porém na atualidade o termo “numismático” vem sendo empregado como sinônimo ao colecionismo de moedas, incluindo também o estudo dos objetos "monetiformes", ou seja, assemelhados às moedas, como por exemplo as medalhas (que têm função essencialmente comemorativa), os jetons (geralmente emitidos por corporações para identificar seus membros), moedas particulares (destinadas a circular em circulos restritos, como uma fazenda ou localidade) ou ainda os pesos monetários (que serviam para conferir os pesos das moedas em circulação).

Ciência numismática

A preocupação principal da numismática é a moeda, enquanto peça cunhada.

Cabe ao numismata analisar as moedas por diferentes métodos e buscando nelas diferentes informações. Durante esse processo o numismata fará uso de conhecimentos adquiridos através de outras disciplinas como a história, a simbologia, a epigrafia, a heráldica, a geografia, a economia, e noções dos processos de metalurgia, e da evolução nas artes, entre outros campos que podem ser abordados.

A numismática clássica divide-se em duas partes distintas:

  • a histórica, que estuda o desenvolvimento da moeda nas diferentes partes do mundo ou de uma região específica, promovendo também a classificação de suas emissões.

Nos trabalhos científicos a distinção entre essas duas áreas é freqüentemente sutil, já que além de distintas essas partes são complementares.

A moeda como fonte histórica

A numismática faz uso de diversas áreas do conhecimento para estudar as moedas, buscando identificá-las e situá-las no tempo histórico. Porém na atualidade a moeda se tornou, também, um documento histórico, sendo utilizada como “fonte” de dados para pesquisas, pois uma moeda pode facilmente fornecer dados sobre o povo que a cunhou, como sua forma de governo, língua, religião, forma como comercializavam, situação da economia, e até mesmo grau de sofisticação dos povos – através da análise do método de cunhagem – e por isso a numismática tem um papel cada vez maior no estudo da história dos povos.

Numismática e Colecionismo

Distingue-se numismática do colecionismo uma vez que a primeira trata do estudo das moedas, ao passo que o colecionismo está mais relacionado à posse das moedas. O uso do termo "numismática" como sinônimo de colecionismo está relacionado ao fato de muitos estudiosos também possuírem coleções particulares, e de colecionadores, por vezes, efetuarem breves pesquisas sobre suas moedas.

Há também de se considerar que no início a numismática se desenvolveu dentro das coleções de museus europeus, e, na falta de informação, dependia inteiramente da análise "palpável" dos exemplares. Por tanto, se fazia necessário possuí-los.

Na atualidade, desenvolveu-se também o conceito de colecionar moedas como forma de investimento, visto que as moedas costumam se valorizar com o passar dos anos e, dessa forma, podem garantir lucro aos “investidores” no momento da revenda. Mesmo a coleção de moedas recentes pode se tornar uma fonte de forte valorização. Há vários casos de moedas recentes valorizarem até 5000% comparado ao valor de face.

História da moeda

Por moeda entende-se as peças metálicas mandadas cunhar por uma autoridade para servir de dinheiro, ou seja, para que com ela possam se executar transações comerciais e pagamentos de dívidas (ao poder de quitar uma dívida dá-se o nome de poder liberatório)

As moedas metálicas surgiram por volta de 2000 a.C., mas, como não existia um padrão e nem eram certificadas, era necessário pesá-las antes das transações e verificar a sua autenticidade. Só por volta do século VII a.C. é que se procedeu à cunhagem das moedas. Foi a partir do dracma de Atenas que se difundiu por todo o mundo a moeda metálica.

História da numismática

Desde o Império romano a aristocracia cultivou o interesse de colecionar moedas, sem no entanto estudá-las. O costume romano compartilhado por imperadores, como Augusto, foi mantido por reis europeus durante a Idade média. A coleção de reis como Luís XIV da França e Maximiliano do Sacro Império possibilitariam o surgimento da numismática durante o Renascimento, graças à vontade dos humanistas em recuperar a cultura greco-romana, e a iniciativa de organizar as coleções reais. Assim a numismática surgiu durante o renascimento e se consolidou como ciência nos séculos seguintes.

Assim temos nomes como o abade Joseph Eckhel que trabalhou na coleção imperial de Viena, capital da Áustria. Temos o colecionador francês Joseph Pellerin, que contribuiu para a coleção real francesa, e temos também um dos nomes mais famosos, Francesco Petrarca, poeta que desenvolveu a numismática na Itália.

O objetivo de Petrarca era conhecer a história de cada povo. Petrarca demonstrou também como a numismática pode se tornar uma paixão contagiosa. Em 1390, coube a ele, indiretamente, a cunhagem de moedas comemorativas pela libertação da cidade de Pádua, pelo visconde Francisco II de Carrara. [1]

Seja pela cultura, pela observância de técnicas ou simplesmente pelo desafio de colecionar, a relação entre cultura e numismática sempre é presente. Mesmo aqueles que colecionam moedas ou cédulas como um simples hobbie, sem se dedicar à pesquisa, adquirem uma boa bagagem de cultura geral.

É veículo de mensagens, arte e, até mesmo, magias e superstições.

Numismática no Brasil

A numismática desenvolveu-se no Brasil, principalmente a partir do século XIX, seguindo em parte o modelo europeu.

A aristocracia teve papel fundamental para o desenvolvimento da numismática no Brasil, por ser a classe mais instruída e também por ter condições de formar coleções numismáticas, lembrando-se que na época as coleções deviam se formar basicamente de moedas greco-romanas. Temos também a contribuição especial do imperador Dom Pedro II, amante das artes e da história e que freqüentemente fazia viagens ao exterior donde trazia “lembranças”.

Com o fim do Império, a maior parte da produção numismática brasileira ficou restrita a museus e a trabalhos realizados por poucos pesquisadores principalmente no eixo das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, quadro que começou a se alterar com a popularização das feiras de antiguidade e com a criação de sociedades numismáticas no país.

Apesar dos esforços a numismática no Brasil não é tão bem difundida como em outros países. Ainda assim, possui vários grupos de colecionadores bem organizados, cursos e literatura sobre sua evolução no país.

No calendário oficial, o dia 1º de Dezembro é marcado como o "Dia do Numismata".[2] Essa data foi escolhida por ter sido o dia em que ocorreu a coroação de Dom Pedro I, e também por ter sido nessa data a apresentação da primeira moeda do Brasil independente, conhecida como Peça da Coroação, considerada a moeda mais rara do Brasil.[3]

Curiosidades

Há uma série de curiosidades que os numismatas cultivam. Por exemplo, a serrilha das moedas surgiu porque era frequente, antes disso, raspar a borda das moedas de metais mais nobres (ouro e prata) para juntar esse mesmo metal em , diminuindo o diâmetro da moeda e o seu valor no peso (mas não o valor facial) - na gíria numismática este acto de subtrair metal original á moeda é chamada de cerceio. Outro exemplo, embora não de interesse direto para a numismática, é a quantidade de objectos que já serviram de moeda em diferentes culturas: das conchas e seixos até animais como elefantes ou o couro de outros. Ainda hoje, em vários países do Oriente as moedas são perfuradas para nelas serem enfiados cordões.[4]

Fonte: Enciclopédia Wikipédia

Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal